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domingo, 16 de agosto de 2015

Resenha: A Canção de Viridiana

Respirar Livros: Livro que li: A Canção de Viridiana: Oi, hoje falarei sobre o livro A Canção de Viridiana, do autor Marcelo Rua  , que eu já tive o imenso prazer de entrevistar aqui. Devo dize...

sábado, 18 de janeiro de 2014

Entrevista com Marcelo Rua, escritor e criador do blog (Des)Conexões

Entrevista concedida pelo escritor Marcelo Rua (autor de Os Dias Voláteis, As Vagas Gigantes e A Cabeça de Holofernes, obras que compõem sua trilogia Romances da Juventude Brasileira) e criador do Blog (Des) Conexões a blogueira Manuela Tavares para seu blog Respirar Livros (Clube do Livro): 

http://respirarlivros.blogspot.com.br/2014/01/entrevistando-marcelo-rua.html

Abaixo, segua a entrevista na íntegra:


Oi gente!!
Hoje estou trazendo a primeira entrevista do blog, e minha também!!

A entrevista foi realizada com o autor brasileiro Marcelo Rua e espero que gostem!!

Ao fim da entrevista separei alguns links onde vocês possam encontrar o autor e possam comprar seus livros!!

1. Boa noite Marcelo! Gostaria de começar perguntando se você sempre quis ser autor ou foi algo recente?
Na verdade é coisa bem antiga, desde criança. Pode parecer contraditório, mas meio que já exercia o ofício de escritor antes mesmo de aprender a ler e a escrever (!) Esclarecendo: havia ficado curioso com uma máquina de escrever de meu pai, aos cinco anos de idade que me lembre, ele me explicou que era só por uma folha de papel ofício no rolo e teclar o texto. Fiz conforme ele havia dito, teclando aqueles caracteres de forma totalmente aleatória, claro que não tinha nada lá, depois perguntei a minha mãe o que eu havia criado e ela me disse: “nada”. Mas não podia ser nada, simplesmente, a folha não estava em branco! Achei que ela estivesse me enganando.

Depois disto, aos oito anos, compus meu primeiro poema. Mais especificamente, no natal de 1979. O clã de meus avós maternos estava todo reunido (meus tios primos, os tios e primos de meus pais etc) e eu queria chamar a atenção de todo mundo. Aí criei o poema e declamei subindo no muro da varanda de minha avó. Foi um “fracasso editorial”, ninguém quis me dar atenção com aquilo...

Mas foi apenas por volta dos dez anos, enfim, que tive a consciência de que seria um escritor: mandaram fazer um trabalho sobre um livro na escola, “Memórias de um Cabo de Vassoura” de Orígenes Lessa e fiquei relutante em realizar a leitura do mesmo, mas minha mãe me obrigou a isto, coisa da qual sou grato a ela até os dias de hoje: um novo mundo se descortinou diante de mim, achei a leitura uma coisa maravilhosa, e naquele instante eu já sabia que escrever era um impulso primordial mesmo, vide antecedentes neste mesmo relato.

2. Qual foi o seu primeiro livro? Foi difícil de publicar?
Meu primeiro livro foi “Os Dias Voláteis — Romance da Juventude Brasileira”, e sim, foi um pouco difícil, custeei a publicação e tive algum prejuízo no final. Somente com a edição do livro pela atual editora pude ganhar algum dinheiro, porém ele foi suficiente apenas para cobrir os gastos excedentes com a primeira edição em outra editora. Ao menos por ora: o livro foi republicado há bem pouco tempo, meu contrato com meus editores é de três anos então ainda tem muito que vender pela frente.

3. Qual foi a motivação para escrever a trilogia Juventude Brasileira? Fala um pouco sobre a história.
“Trilogia da Juventude Brasileira” foi a forma que encontrei para falar aos jovens algo que fosse de extrema relevância para os dias passados e atuais já que são assuntos que estão sempre em discussão, vivenciando-os em nosso dia-a-dia: primeiras experiências, gravidez na adolescência, o perigo das drogas, abismo de geração entre pais e filhos, entre outros diferenciados que abordei em cada um dos três livros. O curioso disto tudo é que não apenas o adolescente, que se identifica com ele, bem como o leitor mais maduro, cuja leitura do livro o faz remeter aos dias voláteis de sua
própria juventude, um período bastante significativo para todos nós e que, apesar de seu caráter de transitoriedade, deixa marcas muito profundas na construção humana de cada ser, uma vez que define muito daquilo que você vai se tornar quando estiver mais velho, na formação da personalidade.

4. Você tem algum autor que te inspirou para escrever esse estilo de livro?
Especificamente, este livro, não, mas talvez toda a minha obra: na verdade são vários autores, todos eles do período do realismo, modernismo e pré-modernismo (Lima Barreto é um dos que mais gosto neste segmento), e a literatura contemporânea. Normalmente gosto de autores brasileiros, portugueses e latinos (Mario Varas Llosa, Gabriel García Marquez, Júlio Cortázar), em que me inspiro embora também goste muito da literatura como um todo, universal. Gosto de Thomas Mann, por exemplo, um autor germânico.

5. Eu soube que você está assinando com uma editora norte americana para a publicação do terceiro livro, você poderia falar mais sobre isso?
Ainda estou conversando com os editores de lá, eles ficaram bastante interessados na história do livro, tem muito a ver com a temática dos livros deles com elementos de ação e tensão psicológica, não será uma história baseada apenas em questionamentos da condição humana como nos dois primeiros da trilogia, aspecto que ainda permanece no terceiro livro, porém com um algo mais. Estamos tratando da tradução, deixei claro a eles que gostaria que o nome de personagens, locais e instituições permanecessem como está no original e eles me tranquilizaram quanto a isto, dizendo que respeitam a diretriz original do autor, o que me deixou bastante satisfeito, e que tem uma equipe de tradutores de origens diferentes, muito eficiente e que procura manter a essência do texto. Mas eu também pretendo dar continuidade ao trabalho daqui publicando em língua portuguesa por uma editora brasileira.

6. Além de livros você escreve outras coisas como poesias, contos, etc?
Sim, escrevo, e muito. No que sou veterano mesmo é história em quadrinhos, todas de humor adulto, ácido e corrosivo, que faço desde os onze anos de idade e cujo trabalho ainda pretendo fazer vir a público. Meus contos são um pouco diferentes de meus romances realistas: são todos de horror, realismo fantástico e ficção científica. Poesia, confeccionei muitas delas no período de 1998-2000, mas meu forte mesmo é a prosa, mais recorrente em minha obra. Também possuo letras musicadas por uma banda de rock do circuito alternativo (cena underground) do Rio de Janeiro.

7. Quais seus planos para o futuro? Já tem em mente algum outro livro para escrever?
Estou iniciando uma nova trilogia, desta vez abordando um tema gótico que seria vampiros no Brasil, mas não é nada disto que se vê hoje em dia, um monte de gente copiando coisas mais modernas como RPG Vampiro A Máscara, livros da saga Crepúsculo e Diários do Vampiro, nada contra mas minha abordagem é mais pelo
vampiro clássico. Além disto será uma história com um toque de originalidade pois incluo várias surpresas ao final de cada tomo e que não posso revelar aqui, aliás nem posso entregar muito do enredo pois tive umas ideias bem diferentes mesmo para meus vampiros, quando chegar a época de sua publicação todos que lerem os livros saberão de que se trata. QUEM VIVER, LERÁ!

8. Você acredita que o número de leitores no Brasil vem aumentando nos últimos anos?
Vem aumentando, sim. O que não vem aumentando é a procura por autores nacionais: o público leitor geralmente prefere coisas que vem sendo amplamente divulgadas na mídia como esta invasão estrangeira, livros que foram adaptados recentemente por Hollywood. E há também a questão do preconceito, o brasileiro parece não apreciar o que é produzido em seu próprio país não com senso crítico pelo que leu, mas simplesmente porque deseja passar longe de algo que tenha o nome de um autor brasileiro na capa. Como se a questão geográfica fosse preponderante para a qualidade de um texto. Perguntaram uma vez se um livro meu “não estaria muito caro em se tratando de um autor nacional, afinal não é nenhum...” (aqui ele citou uma série famosa que estava sendo transmitida em um canal fechado e na TV aberta e que havia sido adaptada recentemente).

9. Para finalizar, qual a mensagem que você gostaria de deixar para os seus leitores?
Procurem sempre informação relevante, não vão atrás apenas do que a mídia veicula com estardalhaço, lembre-se de que nem tudo que é amplamente divulgado pode ser tão mais edificante que alguns autores, é preciso variar seu leque de opções a fim de se obter melhoria na qualidade da leitura que um texto pode proporcionar. Há muitos autores bons que apenas permanecem na obscuridade apenas por esta falta de interesse generalizada. Varie um pouco de vez em quando, literatura estrangeira também é boa, mas experimente mais um pouco nossos Josés, Marias e Joões paralelamente aos Thomas, Harrys e Johnsons da vida.

Quanto a quem deseja se iniciar na carreira de escritor, lembre-se de que somente aquilo que é feito com amor sincero e devoção é que cativa o público leitor, uma vez que você transmite a quem lê o que você sentiu no momento em que dava corpo a sua obra. Eu me diverti muito escrevendo meus livros e, ao menos de início inconscientemente, transmiti isto a meus leitores, e não me sinto sozinho quando exerço meu ofício de escritor porque o texto fala a mim no momento em que o estou criando, como se tivesse vida própria, o que é bastante gratificante. Grande abraço.

Para quem quiser conhecer melhor o autor, seguem links:

Os Dias Voláteis ― Romance da Juventude Brasileira Autor: Marcelo Rua Habermann Editora Nº de páginas: 352 ISBN-13: 9788589206433 ISBN-10: 8589206432
Onde comprar??
Pra os que gostam de ler no computador ou tablet, tem o link da Amazon:
O livro também pode ser adquirido com o autor pelo Facebook (inbox) ou por e-mail: mbragancarua@gmail.com / marcelorua@live.com

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Cidade Fantasma: Marcelo Bragança Rua

Entrevista que concedi à minha filha escritora Tainá Ruiz em seu blog Cidade Fantasma. Só clicar em cima do tópico abaixo. Não deixem de ler!

Leiam abaixo a entrevista na íntegra:

Cidade Fantasma: Marcelo Bragança Rua
http://livroscidadefantasma.blogspot.com.br/2013/05/marcelo-braganca-rua.html?spref=bl


Olá fantasminhas!
Hoje é dia de conhecerem mais um parceiro do blog, o meu querido Marcelo.
O Marcelo me adotou como filha dele e eu particularmente acho isso uma graça. E por isso fiz questão de apresentá-lo aos meus leitores, afinal, somos todos uma linda família ligada pelo amor aos livros. :')
Ele também me concedeu uma entrevista exclusiva, que você confere agora.




Marcelo Bragança Rua, escritor, nascido em novembro de 1971 na Cidade do Rio de Janeiro. Criado em São João de Meriti, área metropolitana do Estado do Rio. Cursou o ensino médio em técnicas contábeis. Trabalhou como comerciário, cobrador de ônibus e ajudante de caminhão até ser aprovado em concurso público da Prefeitura do Município do Rio de Janeiro, onde é funcionário público.

Desde cedo teve despertado o interesse pela leitura e suas maiores influências vieram das literaturas contemporâneas, a brasileira e a latina. “Os Dias Voláteis ─ Romance da Juventude Brasileira” é seu primeiro romance. Além de escrever em prosa, faz também poesia e letras de música, confecciona contos e desenha histórias em quadrinhos de humor ácido e corrosivo.

Tem letras musicadas por uma banda de rock independente da cena alternativa da Baixada Fluminense: “Câncer” e “Poluição”, questionando o ser humano diante de si mesmo e da sociedade em que vive no CD independente “Como Hienas A Sorrir” (2008) da banda Um A Um.

“As Vagas Gigantes ─ Novo romance da Juventude Brasileira”, é seu segundo romance. Já pensou em viver de literatura, mas como este é um país em que pouca gente possui o hábito da leitura, vai ter que se contentar em continuar trabalhando até o dia em que ganhar o prêmio acumulado da loteria e então poder viver de renda para se ocupar tão-somente com aquilo de que mais gosta: escrever, sempre.



SINOPSE: OS DIAS VOLÁTEIS

“Os Dias Voláteis” tem esse nome porque fala de um período muito volátil de nossas vidas que é a transição da juventude para a idade adulta. O protagonista, Carlos Manfredo Júnior, às vésperas de completar a maioridade, vê-se a frente de um período de sua vida que irá marcá-lo profundamente, um período de muitas transformações e descobertas e que, apesar de seu caráter de transitoriedade, deixa marcas profundas e um rastro indelével em nossas memórias em um torvelinho de emoções.

E, em meio a todas estas questões próprias da juventude, ele se vê dividido entre a amizade e o bom senso, da fidelidade a um amigo ou a supervisão e admoestação paternas e a jovem de personalidade forte que carrega consigo vários segredos ou a menina que é um completo mistério para ele, a qual deseja ardentemente encontrar e que pode ser a resposta a todos os seus anseios mais profundos e desejos mais secretos.

A partir daí vários conflitos envolvendo Carlos e outros personagens irão se deflagrar em sua jornada pelo autoconhecimento, abordando vários temas: a influência marcante dos amigos nessa época, o primeiro emprego, abismo entre gerações, drogas na escola e gravidez na adolescência.

Tudo acontece em um ritmo vertiginoso, pois os dias parecem acelerar sua marcha com a conclusão de diversos acontecimentos, revelando o epílogo para todos os personagens e conduzindo a um final inevitável para o nosso protagonista.


SINOPSE: AS VAGAS GIGANTES

O primeiro livro "Os Dias Voláteis" traça um panorama da juventude brasileira em um período muito volátil de nossas vidas, porém de grandes transformações: a transição da juventude para a vida adulta.

A obra anterior “Os Dias Voláteis” e este “As Vagas Gigantes” se impõem como obras em separado as quais podem ser lidas de forma independente, sem que a sua cronologia seja de alguma forma afetada pela não-leitura de uma obra em primeiro lugar à de outra ou vice-versa.

A obra atual “As Vagas Gigantes” contém o que se pode considerar a continuação natural de “Os Dias Voláteis”, remetendo a um período mais maduro do protagonista Carlos Manfredo Júnior, buscando resgatar o amor de sua vida, trilhando um caminho que o levará ao rompimento com os fantasmas de seu passado, culminado finalmente em sua redenção final, como um vagalhão, um tsunami, uma onda, uma vaga gigante que tudo engole e faz naufragar, sepultando definitivamente o passado nas profundezas do mar que é a memória!


Página pessoal na internet (clique aqui)



* Notícia de última hora: o autor assinou contrato com a Habermann Editora que deve por seus livros nas prateleiras das lojas e livrarias a partir do segundo semestre deste ano. Enquanto isto não ocorre seus livros podem ser encontrados no site do Clube dos autores:


Entrevista: 

Em qual momento descobriu que gostaria de ser escritor?
Quando tinha dez anos de idade mandaram ler um livro na escola. Este livro era “Memórias de um Cabo de Vassoura” de Orígenes Lessa e a princípio eu me mostrei irredutível em minha decisão de não ler livro nenhum, mas eis que um novo universo se descortinou diante de meus olhos e eu me descobri um amante fervoroso de leitura. Creio que foi meu momento de epifania, meu primeiro instante de fluxo de consciência em que me vi diante de mim mesmo e do mundo e adotei uma nova resolução daí por diante e passei a ver as letras com outra visão.

O que o inspirou a escrever seu primeiro livro?
A vontade que tinha de falar aos jovens me utilizando de uma linguagem clássica que não soasse tão maçante. Sou um escritor moderno, mas que ainda se apega às tradições. Portanto acho que um livro com caráter tão descritivo não precisa ser enfadonho. Foi assim que nasceu a ideia para “Os Dias Voláteis ― Romance da Juventude Brasileira”: um livro para jovens em uma abordagem bem adulta e que pode tanto ser lidos por ambos, os mais jovens e os mais maduros. Além deste há outro na mesma linha chamado “As Vagas Gigantes ― Novo Romance da juventude Brasileira” e o terceiro e último livro de minha série com este tema cujo título (por enquanto, provisório) não devo revelar agora, mas que terá como adendo o subtítulo “Último Ato da Juventude Brasileira” encerrando esta trilogia.

Além do(s) projeto(s) atuai(s), tem outro(s) em mente?
Assim que tiver concluído este projeto devo iniciar outra trilogia abordando um tema gótico desta vez.

Se sim, poderia nos contar um pouco sobre ele?
Uma história de mortos-vivos ambientada no Brasil. Posso garantir que é bem original e reserva algumas surpresas para o leitor que não vai se arrepender de conhecer o seu conteúdo. Tento fugir ao máximo possível do lugar comum. (Me desculpem, admiradores do RPG, mas dei preferência a não ler uma página sequer de “Vampiro: A Máscara” enquanto não concluir minha própria trilogia vampiresca, ao menos por enquanto.) gosto de uma abordagem mais clássica da história do vampiro ― como, por exemplo, no conto de John Polidori ou do Stoker. Mas posso garantir que há bastante de meu mesmo na história que se seguirá. Sua sinopse está pronta há anos. Porém, como desejava dar continuidade ao meu Ciclo de Romances da Juventude Brasileira, adiei-o provisoriamente. Tenho partes inteiras dele prontas, porém.

Com qual de seus personagens se identifica mais? Por quê?
Carlos Manfredo Júnior, o protagonista de “Os Dias Voláteis” e suas sequências “As Vagas Gigantes” e o livro que está em andamento. Na realidade o primeiro livro é semiautobiográfico, mas duvido que se saiba que partes são reais na vida do personagem e quais foram inventadas por seu alter ego/autor/narrador. Bem, conforme você já deve ter deduzido até aqui, Carlos Manfredo Júnior é minha contraparte no universo semificcional que criei para minhas histórias. Os livros que dão continuidade a ele, entretanto, são completamente fictícios.

Que dica daria a alguém que quer escrever um livro, mas não sabe por onde começar?
(Espero não estar dizendo nenhuma bobagem aqui, é apenas minha maneira própria de ver as coisas; não sou nenhum arauto da verdade ― mas, vamos lá, então):
Escreva o máximo que puder sobre tudo que vê, ouve e sente. Faça anotações, rascunhos. Isto é um bom treinamento. Mas não coloque tudo que escreveu em seu livro. Lembre-se de que se trata apenas de uma atividade para desenvolver o escritor que havia em você e nem sempre tem a ver com o que você vai colocar em seu livro.
Fico também com uma máxima de Carlos Drummond de Andrade que diz assim, ao que me lembre: “Leia o máximo que puder e depois esqueça tudo.” Creio que ele tenha querido dizer que, tal qual antropófago literário, absorva todas as influências. E na sequência as esqueça para não cair no lugar comum.

Quais escritores têm como referência?
Gosto dos autores nacionais, portugueses e latinos, modernistas e contemporâneos. Caio Fernando Abreu, Lygia Fagundes Teles e José Saramago. Gabriel García Marques, Manuel Puig e Mario Vargas Llosa. Também algo na linha do realismo naturalismo de Machado de Assis e Eça de Queiroz. E gosto de poetas e escritores da literatura beatnik como William S. Burrougs e Jack Kerouac, por exemplo. Entretanto o caráter extremamente detalhista em meus livros não veio com nenhum desses grandes autores da fase realista, mas de um norte-americano: David Morrell, que li aos dezesseis anos em seu livro “First Blood” que deu origem ao filme “Rambo ― Programado Para Matar”: a obra mais detalhista e excepcionalmente bem escrita que já li nestes termos!

Qual a maior dificuldade que enfrentou em seu caminho literário?
Creio que algum preconceito que vejo por parte das pessoas com o autor brasileiro. Normalmente não valorizam o que é produzido aqui e preferem ler tons, cores e padrões de autores estrangeiros, incentivados pela grande mídia que preferem investir na invasão ianque. Mas como reverter este quadro? Mudando a cabeça dos editores? Ou do público-alvo leitor? É muito difícil ser escritor em um país em que pouco tem o hábito regular da leitura e, quando o tem, preferem o que é produzido fora daqui. Mas não esmoreço só por causa disto e vamos em frente até onde der para ir, ou seja, eu só deixarei de escrever quando parar de respirar mesmo com todas as dificuldades já que amo o que faço.

Que livro acha que todos deveriam ler algum dia e por quê.
Eu, particularmente: livros que retratem o cotidiano comum do jovem nos tempos atuais ainda que tenham sido escritos há algum tempo, mas em uma realidade que não muda tanto assim para a cabeça do jovem: o desejo de mudar o mundo enquanto ainda não se perdeu a inocência como nos versos de “Quando O Sol Bater na Janela do Seu Quarto” do Legião Urbana. Embora eu tenha por costume dizer que “Os Dias Voláteis” é o meu “O Apanhador do Campo de Centeio” particular ainda quero ler o livro de J. D. Salinger.
Bem, acho que todos deveriam buscar leitura com informação relevante e fazer seu próprio julgamento com base nos fatos que lhes são apresentados e não como digam que devam fazer. Tenha opinião desde que seja sua própria e não a que foi imposta pelos outros. Como dizia Nietzsche: “ouse pensar”. Neste caso sugiro um de seus livros, não para dizer-lhes como se deva pensar, senão apenas, para que os estimulem a pensar.

Querido, agradeço pela sua presença aqui no blog. Desejo a você muito sucesso! Gostaria de deixar algum recado para os leitores?
Sim: sonhar é bom, mas tendo os pés na realidade. Por isto lute por seus sonhos, mas nunca se esqueça do mais importante que é trabalhar para tornar seu sonho possível e viver com dignidade.


Espero que tenham gostado! 
Beijos, até a próxima! \o

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Trecho de As Vagas Gigantes ─ Novo Romance da Juventude Brasileira

"(...) Sidcleyssom o conduziu até a porta do apartamento. Carlos ainda pode divisar, relanceando o olhar em direção ao corredor, uma sombra que parecia se deslocar de um cômodo ao outro da casa, metida em um daqueles pijamas torpes e rotos.Sempre que se levantava da poltrona, seu amigo se apressava em conduzi-lo à saída, como se temesse que ele incursionasse por outras dependências da casa e visse algo do qual não lhe dissesse respeito.
Entretanto havia algo diferente daquela vez. A figura sombria parecia querer lhe dizer algo. Mas o que poderia haver em demasia naquele ser diáfano que já não lhe tivesse sido feito ciência? Aquele ser como que se tornara um utensílio da casa de tão indiferente que havia se tornado sua presença. O dom da invisibilidade não deveria ser uma habilidade tão apetecível às pessoas de uma forma geral.
─ Vou descer contigo, Carlos.
─ Não prefere tomar conta de seu pai, Cleyssom?
─ Para quê? O velho já deve ter se recolhido a esta altura dos acontecimentos ─ sua voz parecia carregada de uma sombra de mágoa.
─ Olha, Sid, sei que a vida deve ser dura pra você, mas seu pai é tudo o quanto você tem de mais importante neste momento e apenas acho que você devia zelar um pouco mais por tornar sua vida um pouco mais confortável.
─ Você não entende. Minha mãe foi embora de casa com outro homem, levando apenas minha irmã mais nova, e me deixou aqui, com ele, meu pai. Poderia ter me levado junto, se ela quisesse. Só que ela não o fez.
─ Entendo. Então, é esta a sua mágoa. Ter sido deixado para trás por ela.
─ Não, Carlos. Minha mágoa não se resume a eu ter sido preterido por minha mãe. A razão de meus dissabores foi ter que ficar com este velho egoísta e miserável que nada faz para mudar seu padrão de vida e se contenta com toda esta inércia!
Haviam chegado ao pavimento térreo. Sidcleyssom despediu-se de Carlos com um resignado desejo de boa noite e tornou a subir as escadas que davam acesso à sua morada, parecendo cada vez mais assemelhar-se a seu pai, como o morto que se encaminhava em direção ao féretro prestes a descer à sepultura."

(De As Vagas Gigantes ─ Novo Romance da Juventude Brasileira.)

domingo, 10 de março de 2013

CÂNCER I


CÂNCER I

Quem se apressa em julgar alguém e não respeita a opinião alheia deve se conscientizar, ele também, de que amanhã seremos todos areia. E depois de amanhã ele estará sendo julgado: quem sabe junto a mim, quem sabe ao meu lado. O que aqui era corado já ficou albino; ninguém é assim tão forte que possa fugir de seu destino, nem consiga ludibriar a morte, corromper a essência daquilo que é divino: não devemos abusar da sorte.

quarta-feira, 6 de março de 2013

CÂNCER II


CÂNCER II

Você bem que tenta aparentar prosperidade. E finge estar plácido e sereno. Mas as raízes que te firmam ao solo já estão apodrecendo. Não passas de uma árvore oca. Deseja apagar todos os indícios de dor. Mas as palavras que saem de sua boca a cada uma delas identifico pela cor.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

POLUIÇÃO


POLUIÇÃO

Tente não falar sente falta de ar mente ao dizer crente que vai convencer quanta poeira no ar tanta sujeira a voar garganta emite sons a maldizer santa palavra a morrer gente a vilipendiar doente a definhar carente de fazer quente o amor a oferecer